segunda-feira, 9 de junho de 2008

Educar em tempos de Internet

“A Internet é hoje um grande meio heterogêneo e transfronteiriço designado como ciberespaço. Segundo Lévy (1999), a cada mês, o número de pessoas com endereço eletrônico aumenta em 5% no mundo. Em vista dessa realidade, que só tende a se desenvolver, uma vez que o que é chamado hoje de multimídia se encontra apenas em sua infância, é urgente repensar, paralelamente à questão deste novo espaço, a do sujeito que o freqüenta, seu papel na história, autor que ele é dessa história.

A participação online dos educadores - eternos aprendizes do saber - é de importância vital, nesta hora em que se chama o sujeito disperso e fragmentado do mundo contemporâneo para uma tomada de consciência de seus atos.

A Internet permite a realização de um processo cooperativo, interdisciplinar e comunitário, desde que seja utilizada num esquema dinâmico e com modelos de conhecimento que se incorporem ao processo de transformação da realidade.

Para Harasim (1989), a aprendizagem ativa tem sido uma das principais contribuições do ambiente on-line, pois os alunos têm a possibilidade de estarem conectados regularmente comunicando-se de diversas formas tanto com professores, quanto como com outros aprendizes.

A autora destaca alguns tipos de comunicação possíveis de serem realizadas por meio da Internet: comunicação do professor com o aluno (um para um); comunicação do professor para vários alunos (um para muitos); comunicação do aluno para aluno (dupla de co-aprendizado); comunicação de alunos para alunos (aprendizado em grupo) e comunicação de entre professor e alunos (de muitos para muitos).

Dessa forma, a interação pela Internet supera outras formas de comunicação, pois, além da facilidade de contato com pessoas de diversos lugares, a custos bem menores, ainda possibilita a construção de espaços onde as pessoas podem interagir e estabelecer trocas que atendam seus interesses e que produzam conhecimento de forma colaborativa.

Também em Lévy (1999) encontra-se essa visão da mudança no ensinar e no aprender. Segundo o autor, o “ciberespaço” suporta tecnologias intelectuais que ampliam, exteriorizam e modificam numerosas funções cognitivas humanas: memória (banco de dados, hiperdocumentos, arquivos digitais de todos os tipos), imaginação (simulações), percepção (sensores digitais, telepresença, realidades virtuais), raciocínios (inteligência artificial, modelização de fenômenos complexos) e que essas tecnologias intelectuais favorecem novas formas de acesso à informação e novos estilos de raciocínio e de conhecimento. Lévy (op.cit.) ainda diz que se deve construir novos espaços de conhecimentos, preferencialmente espaços de conhecimentos emergentes, abertos, contínuos, não-lineares e sugere duas grandes reformas para a educação e formação.

Primeiramente, introduzir o ensino aberto a distância ao cotidiano da educação, pois o autor acredita que a educação a distância, explora mais os meios, incluindo as hipermídias, as redes de comunicação interativas e todas as tecnologias intelectuais da cibercultura, além de trazer um novo estilo de pedagogia, que favorece ao mesmo tempo as aprendizagens personalizadas e a aprendizagem coletiva em rede. Em segundo lugar, sugere que seja reconhecido pelos sistemas educacionais as experiências adquiridas, visto que as pessoas aprendem com as experiências sociais e profissionais, reforçando aqui mais uma vez a importância de ligar teoria e prática.

Devemos estar cientes de que a enorme quantidade de informação disponibilizada pelas redes não implica necessariamente em mais e melhor conhecimento: O conhecimento se torna mais produtivo se o integrarmos em uma visão ética pessoal, transformando-o em sabedoria, em saber pensar para agir melhor, (Moran 1998: 153). Este é um aspecto que não pode ser subestimado, principalmente quando se trabalha com a formação de profissionais responsáveis pela formação de indivíduos que possam atuar de forma consciente na sociedade.

O caráter democrático da Internet está na possibilidade ilimitada de todos produzirem ilimitadamente mensagens livres. A democracia na Internet equivale estruturalmente à autonomia gerida virtualmente por todos que queiram ou se predisponham a isso – independentemente de saber ou não fazê-lo."

Profª.Ms. Vera Lúcia Camara Zacharias

Centro de Referência Educacional


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